sexta-feira, 10 de junho de 2011

Frontman: quando o original não é a melhor opção

Algumas bandas significam realmente um trabalho em equipe. Em outros casos, um cara recebe todos os méritos, torna-se a cara do grupo... E então sai. Contudo, em algumas vezes acontece do ex-frontman ser o empecilho que não deixava a banda deslanchar e alcançar fama e fortuna. Seguem alguns exemplos de bandas que deveriam ter se livrado de seus vocalistas muito tempo antes.

O que segue abaixo é tradução de parte de matéria publicada originalmente no Spike, assinada por Dan Seitz.

Survivor
O Survivor, com o vocalista Dave Bickler, lançou a música "Eye of the Tiger", que talvez vocês já tenham ouvido. Seguindo o moderado (à época) sucesso dessa música, que foi tema do filme "Rocky 3", eles lançaram o álbum "Caught in the Game", que não obteve o mesmo sucesso. Pouco depois do álbum afundar nas paradas, Bickler ficou doente e teve que pular fora. Foi então recrutado o vocalista Jimi Jamieson, cujo ápice até então havia sido ter feito vocais de apoio para o ZZ Top.
Eles prontamente lançaram o álbum "Vital Signs", que teve três "hit singles", seguido por "When Seconds Count", que sequer chegou ao Top 20 nos Estados Unidos mas ainda assim vendeu meio milhão de cópias. O Survivor encerrou as atividades em 1989 e esperou onze anos para fazer a inevitável turnê de reunião, enquanto Bickler seguiu carreira cantando em propagandas da cerveja Bud Light.

AC/DC
Ok, ok, o AC/DC não demitiu Bon Scott, nem tinha planos de fazê-lo, mas infelizmente o destino tinha outros planos para o vocalista, como todos sabemos. Pelo menos ele morreu como um rock star.
Por outro lado, após a entrada de Brian Johnson, a banda lançou o álbum "Back In Black" e contra fatos não há argumentos. "Back In Black" é o quarto álbum mais vendido da história dos Estados Unidos e nos deu clássicas baladas de amor como "You Shook Me All Night Long" e "Hells Bells". E, alguns percalços e bateristas doidos à parte, eles têm se mantido fortes desde então. Aliás, coincidentemente neste ano eles finalmente tomaram o título de artista mais rentável da Austrália das mãos dos Wiggles, apagando a única mancha que havia na reputação que a Austrália tem de ser o país mais másculo do mundo.

Journey
O Journey começou como um bando de músicos de São Francisco que tocavam jazz fusion, e fazia tanto sucesso quanto qualquer outra banda do gênero. Assim que eles perceberam que o jazz fusion não traria dinheiro nem mulheres, eles contrataram o vocalista Robert Fleischman para tentar um som mais "atual". Para dar uma idéia de como isso deu certo, demorou quinze anos para que uma faixa em que Fleischman tenha cantado fosse lançada oficialmente.
Após liberar Fleischman, que marchou orgulhosamente de volta para o anonimato, eles encontraram Steve Perry trabalhando em uma fazenda de criação de perus (é verdade, na época Perry trabalhava em uma fazenda de criação de perus!).
Sete álbuns muito bem sucedidos, várias baladas épicas e um embaraçoso jogo de fliperama depois, Perry deixou a banda em 1998. Uma década depois, após anos de semi-ostracismo, o resto da banda achou através do YouTube um cantor filipino que fazia uma ótima imitação de Steve Perry e o contratou... E ganhou outro álbum de platina. Nunca subestime o poder das baladas!

Iron Maiden
Esqueça a parte de perder o frontman. A lista de músicos que já passaram pelo Iron Maiden supera a lista de muita groupie ninfomaníaca por aí. No começo, tirando Steve Harris e Dave Murray, o negócio parecia mais uma novela mexicana do Metal: alguém sempre estava sendo despedido, pedindo demissão ou ambos ao mesmo tempo. A situação chegou a um ponto em que Steve Harris demitiu a banda toda de uma vez. Finalmente eles estabilizaram a formação, que incluía o épico vocalista... Paul Di'Anno.
Por volta de 1981, seja porque Paul Di'Anno almejava uma mudança profunda em seu direcionamento artístico (versão do próprio) ou seja porque ele usava mais drogas do que o que seria aconselhável, mesmo para os padrões do Metal (versão de qualquer outra pessoa com o mínimo de conhecimento da cena metálica), Di'Anno levou um pontapé e foi substituído por Bruce Dickinson. Por alguma razão, ter um frontman estável ajudou a banda: o primeiro álbum do qual Dickinson participou, "Number of the Beast", alcançou o topo das paradas no Reino Unido, indo muito bem também ao redor do mundo, e desde então o Maiden tem estado muito bem, obrigado. Bem, exceto por aquele reality show que passou na VH1 com o avião. Aquilo foi embaraçoso.

Pink Floyd
Se tem uma banda campeã quando o assunto é ser abandonada pelo membro que a personifica e mesmo assim continuar, essa é o Pink Floyd. Isso aconteceu com eles não uma, mas duas vezes.
A primeira vez foi com o vocalista Syd Barret, que hoje em dia é mais famoso por ter usado mais drogas do que tudo o que se consumiu em Woodstock, o que resultou numa doença mental. Após a saída de Barrett, aquele cara de quem você já tinha ouvido falar em algum lugar, Roger Waters, tomou as rédeas para si.
Sob a batuta de Waters, o Pink Floyd lançou "Animals", "Wish You Were Here", "The Wall", que nos apresentou a idéia de, literalmente, ânus falantes, e, é claro, o obscuro clássico "cult" "Dark Side Of The Moon", que vendeu cerca de 45 milhões de cópias até hoje, marca que o torna um dos álbuns mais vendidos de todos os tempos no mundo, e ficou nas paradas de sucesso por mais de 14 anos. Waters compôs ainda o hit single do álbum, "Money", fato que acabou por se tornar uma tremenda ironia, considerando-se o tanto de grana que o trabalho acabou rendendo. E assim que alguém descobriu em que momento baixar a agulha da vitrola, "Dark Side of the Moon" acabou garantindo a venda de mais cópias do filme "O Mágico de Oz".
Waters eventualmente decidiu sair, e na verdade anunciou que, por conta da sua saída, o Pink Floyd estava se separando. Quando o resto do grupo disse que ficava muito feliz de continuar mesmo assim, ele os processou. E perdeu.

Van Halen
Não dava pra terminar este artigo sem falar do maior combate na música popular: de um lado, um cara que não consegue dirigir a 55 milhas ("can't drive 55", no original) versus o ex-quase substituto de Howard Stern (dono de um programa de rádio bastante popular nos Estados Unidos).
Algumas pessoas são dedicadas a David Lee Roth, outras são dedicadas a Sammy Hagar, mas a verdade é que, após Roth sair da banda e começar a cantar músicas sobre como todos deveriam sentir pena dele, porque estava até as tampas com mulheres pagando para que ele as levasse para a cama (o que claramente prova que ele não é gay, necas, de jeito nenhum, negativo, de forma alguma), o Van Halen decolou. Eles lançaram seu primeiro álbum a atingir o número um das paradas, "5150", que acabou sendo o primeiro de quatro álbuns "número 1" com Hagar no volante.
É claro que Roth cantou todas as músicas do Van Halen das quais alguém de fato se lembra, mas estamos certos de que Hagar se sente um tanto quanto confortável deitado em cima de sua gigantesca pilha de dinheiro.

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