sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O personagem?

Relato de um crítico fictício chamado Jon Bonhan (pseudônimo sugerido por Dean Winchester)

Considere nossa realidade uma coisa rotineira. Massante. Cansativa. Hostil. Desagradável. Nada parece mais ter graça. O mundo conspira ideologias falsas enquanto explora a mediocridade humana. Certas pessoas se incomodam com isso. E tem uma em especial que, julgando pela roupa preta cheia de couro e acessórios de metal, logo pensaríamos que ela está indo a um baile a fantasia. Engano. Esse sujeito com cara de mal-humorado é um chamado headbanger, um tipo que é mais conhecido por sempre ter cara de mal-humorado que usa adornos com símbolos estranhos e que adoram Heavy Metal e suas vertentes. Sempre achei headbangers uma tribo urbana interessante, por seus pensamentos serem um pouco... não convencionais. Deve ser por isso que eles são mal-vistos pelas pessoas. Tenho certas dúvidas e opiniões que gostaria de compartilhar com o leitor...

A começar pelo cabelo que usam. Headbanger tem cabelo curto ou longo, como de mulher. Fico um pouco incomodado porque às vezes vejo um casal de headbangers de costas e não sei quem é homem e mulher... E fico mais impressionado quando vejo que algumas cabeleiras são bem cuidadas, como se fossem cabelo feminino mesmo. Sei que os headbangers gostam de parecer "anti-sistema" com seu visual, mas não seria uma contradição usar produtos de beleza para cuidar do cabelo e adotar uma atitude assustadora?

Outra coisa que fico admirado é com a vestimenta que usam. Não sei como headbangers conseguem ficar de roupa preta até debaixo do Sol de 32 graus no Rio de Janeiro. Será que eles não sentem calor? Outra coisa é que eles usam correntes, cintos, braceletes de espinhos e aqueles acessórios que parecem coleira de pitbull. Acho que todas essas coisas de metal fazem de um headbanger um ótimo condutor elétrico... gostaria de ver como ele se comporta numa chuva com relâmpagos.

Mas acho que a maior característica dos bangers é que eles se levam muito a sério. Muito mesmo. Primeiro eles não gostam de ser chamados de "metaleiros", pois para eles este termo é ofensivo. Tomei conhecimento de que o termo 'metaleiro' surgiu quando a Rede Globo cobriu o festival Rock In Rio, onde o repórter Pedro Bial batizou os amantes do Heavy Metal de "metaleiros", como se fosse apenas um apelido sem valor para chamar um grupo urbano idem. Tudo bem, eles têm seus motivos para quererem ser respeitados, assim como qualquer pessoa.

Bem, na verdade... não é bem assim. Os bangers às vezes dão motivos para ser vítimas de preconceito. Além de usarem colares com cruzes invertidas e camisas com logos satânicos de bandas extremas, também não gostam de outras tribos urbanas, como clubbers, surfistas, patricinhas, skatistas, rappers, principalmente emos. Visto que headbangers não gostam de pessoas que são produzidas demais, que tem ideologias ditas erradas e são principalmente fúteis, se ligando muito ao que a mídia e a moda tem a oferecer, os bangers preferem manter distância das tribos urbanas citadas. Algumas vezes os bangers nem ao menos conversam com pessoas de opiniões diferentes, só porque não são "True" - gíria usada para qualificar quem não é amante do Heavy Metal ou da filosofia headbanger.

Mas não para por aí. Os bangers não comentam suas ideias ou bandas preferidas unicamente porque não querem que os "normaizinhos" saibam que existam. Para eles, qualquer pessoa que goste de tal coisa que apareça em uma revista de grande circulação, vista tal roupa que seja considerada tendência, ou que escute o que todo mundo escuta, não merece nenhuma atenção ou o mínimo de proximidade. Acho essa atitude um pouco extrema demais, pois se todas as pessoas se odiassem só por ter ideias diferentes... o mundo estaria na sua 5635664ª Guerra Mundial.

Mas o que me incomoda mesmo é que os headbangers dizem não se importar com o que "os outros" falam, que preferem viver sua própria vida e que não estão nem aí com as opiniões de outras pessoas. Mas quando tomam conhecimento que tal banda considerada true é amada e preferida por todo mundo, os headbangers preferem não ouvi-la mais, nem querem saber dela depois. Por que eles tem essa tendência anti-social? Parece que o patrimônio musical dos headbagers deve ser intocável! E se a opinião alheia não importa, por que os headbangers não voltam a ouvir o Metallica? Isso é uma contradição muito grande. Isso mostra como o extremismo é levado a sério também.

Não sei o que pensar. Algumas vezes penso que os headbangers só querem se divertir e ouvir a música que bem querem, tudo do seu próprio jeito, como qualquer tribo urbana. Mas daí vem algumas regras extremistas, como aquela de "não gostar do que todo mundo gosta", que fazem o simples desejo de querer diversão perder o sentido. Essa atitude gera rejeição e preconceito, o que não é bom pra ninguém. Acredito que as pessoas devem buscar apenas ser felizes, sem ferir a liberdade das outras, sem preconceitos e respeitando as diferenças...

Mas ao mesmo tempo também acredito que qualquer pessoa tem o direito de não gostar da outra, seja por motivos pessoais ou alguma coisa assim. Mas esse pensamento não deve ser aplicado quando uma pessoa vê a aparência da outra e a rejeita, pois é a pior forma de preconceito que pode existir. Se bem que, o caso dos headbangers é uma exceção, já que eles sabem que tal tribo urbana tem preferências próprias, que podem ser rejeitadas por eles. Por que não?

Não sei bem... não estou na pele de um headbanger para saber o que eles sentem e querem de verdade. Mas sei que nenhuma pessoa consegue encarnar um personagem 24 horas por dia. É impossível manter uma máscara sempre. E o headbanger pode ser encaixado nessa descrição. Será que atrás de uma corpse paint não existe uma pessoa que só quer ser feliz?

2 comentários:

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