O Sarcófago é daquelas bandas que você ama ou odeia, e isto já faz parte até do folclore do metal nacional. A trajetória da banda começou em 86 quando participaram da coletânea Warfare Noise I com duas faixas que chocaram tanto pelas letras quanto pelo som, violentíssimo para a época. No mesmo ano saiu o LP I.N.R.I., onde assumiram de vez o seu som black metal, endeusado por uns e detestado por outros. A polêmica que o Sarcófago sempre causou se consolidou em 89 com o lançamento do álbum Rotting, um grande sucesso tanto no Brasil como no exterior. No final de 91 veio a revolução na carreira do quarteto mineiro: The Laws of Scourge. Produção acurada e amadurecimento lírico-musical são características latentes logo na primeira audição deste disco.
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Sarcófago na época do INRI | |
Considerado uma banda de elite, o Sarcófago construiu uma carreira calcada nos seus interesses e objetivos como banda e nunca abriu mão de seus conceitos para adaptação no mercado capitalista. Foram 15 Anos na estrada, seis álbuns, entre outros Eps, MCDs e participações em coletâneas, além, é claro, de inúmeras encrencas com outras bandas, radicalismo e declarações inusitadas à imprensa especializada.
Veja essa conjunto de entrevistas de 1988 até 1997 que mostra o amadurecimento do grupo:
METAL - O que vocês acharam das críticas feitas pelo pessoal do Sepultura ao Sarcófago duas edições atrás?
SARCÓFAGO - Bom... primeiramente, eles disseram que nós colocávamos muitos efeitos nos discos, e depois não conseguíamos reproduzi-los no palco. Ora, existem diversas outras bandas, tipo Celtic Frost, que também enchem seus álbuns de efeitos e também não os repetem nos shows! Depois, eles (Sepultura) falaram que isso era falta de competência. Ora, se eles se acham tão competentes assim, então espero vê-los usando violinos e teclados nos shows, já que foram esses os efeitos que usaram no disco! Aliás, eles falaram que todos os membros do Sepultura participaram do Schizophrenia, inclusive o Paulo Jr. no baixo e o Max na guitarra base, quando todo mundo que isso é mentira, eles não tocaram nada! Pode perguntar isso para os técnicos do estúdio! E uma prova disso é a tremenda evolução entre o Morbid Visions e o novo LP, logo após o Andreas ter entrado!
METAL - Mas vem cá: esse negócio das bandas ficarem pichando-se mutuamente traz algum benefício para o Metal?
S - Claro que não! Isso é baixaria, podridão pura!
METAL - Então, por que vocês não tentam fazer as pazes, ao invés de ficarem nessa guerrilha?
S - Nós já quisemos armar, em agosto do ano passado, um show com o Sarcófago e o Sepultura, mas eles riram da nossa cara quando fizemos essa proposta! E pensar que antigamente nós éramos tão amigos que chegávamos a ir aos shows do Overdose só para vaiar a banda, a pedido do pessoal do Sepultura...
METAL - Ah, quer dizer que nem sempre foram inimigos...
S - Não, nós éramos super-unidos antigamente. Foi o nosso baixista que ensinou o Paulo Jr. a tocar (apesar de não ter aprendido), nós ensaiávamos juntos... enfim, tudo o que o Sepultura é hoje em dia deve-se à força de outras bandas, as mesmas bandas que atualmente eles vivem malhando! Uma vez, colocamos na Cogumelo uma antiga foto aonde nós e o Sepultura aparecíamos juntos num ensaio, todo mundo abraçado, com a legenda "tomara que um dia tudo volte a ser como antes". E os caras do Sepultura riram daquilo, ficaram malhando. Quer dizer, da nossa parte, nós tentamos...
METAL - Depois dessas declarações, vocês não tem medo de uma represália por parte do Sepultura?
S - Que nada! Eles vivem tirando onda de fortinhos, querendo bater na gente, mas na verdade são todos uns bundões, um monte de meninos bobos!
METAL - Passando a assuntos mais amenos, como anda o Sarcófago? Acabou ou não?
S - Não, não acabou. Depois da gravação do I.N.R.I., que saiu em agosto do ano passado, nosso vocalista teve que se mudar para Uberlândia, e o guitarrista foi para Juiz de Fora. Mas a qualquer momento o pessoal vai continuar no mesmo pique.
METAL - Como anda a aceitação do I.N.R.I.?
S - Tá sendo excelente, até agora. Já vendou duas mil cópias em cinco meses, e...
METAL - Duas mil? Mas isso mal dá pra pagar as despesas de prensagem e capas!
S - É, mas pra uma banda que não teve, ao contrário do Sepultura, nenhuma divulgação, está até ótimo.
METAL - Bem, mas isso não é uma prova de que o Death anda em baixa no Brasil?
S - Nem tanto, é até um estilo-opção: todo mundo que fazia Death ou Black agora caiu na bitolação Thrash, e agora praticamente só tem bandas Thrash. Quem quer ouvir coisas mais pesadas fica sem opção. Só nós, que somos e sempre seremos um grupo Death, por que é o som que gostamos de fazer.
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Formação do The Laws Of Scourge
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